quinta-feira, 7 de maio de 2009

AO MEU DIPLOMA UNIVERSITÁRIO


(Estes versos são um desabafo escrito em 1985)

És somente um papiro que rotula...
E muito bem tu cumpres teu papel!
Onde a mediocridade se estimula,
Transformas o apedeuta em bacharel!

Mas para que não fosses emergente
De uma epidêmica ociosidade,
Lutei contra a canseira e, honrosamente,
Venci meus anos de universidade.

E eis que te tenho, enfim, nas minhas mãos,
Como um laurel que a conquistar me pus...
Só não supus, jamais, que fossem vãos
Os meus esforços p´ra fazer-te jus.

De ti me fiz o próprio abonador,
P´ra que não fosses fútil pergaminho,
Mas não valeste pelo teu valor:
- Queriam que eu te desse algum padrinho.

E eu não te dei, por honra e por capricho,
Contrário ao ritual que compra as massas!
Antes, prefiro transformar-te em lixo,
Honrosamente alimentando as traças.

Se algum dia reinar a compostura,
Tão desdenhado assim não serás tu...
E eu hei de retirar-te da clausura
Do empoeirado fundo de um baú!
(Anchieta)

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