quinta-feira, 30 de abril de 2009

O adeus do gari

Coletando o lixo
Tá faltando alguém...

Morreu um gari
Que passava aqui,
Mas a sua falta,
Não sentiu ninguém!
Gente assim tão simples
Que importâancia têm?

Quase que ninguém
Foi dizer-lhe adeus...
Tão somente os seus!
E o gari partiu,
Miseravelmente,
Como aqui nasceu,
Como, enfim, viveu:
- De forma abjeta,
Como a vil coleta
Do trabalho seu.

Caiu da caçamba,
Por fatalidade.
Morreu qual viveu:
- Em meio à cidade,
Limpando os sobejos
Da sociedade.

Talvez que sonhasse,
Nessa vida sua,
Morar num palácio
Da pomposa rua,
Onde, na riqueza,
Ele, com certeza,
Fosse bem feliz...
Onde possuísse,
Como aquela gente,
Vida condizente
Como sempre quis...
E onde algum vizinho
Visse o seu carinho
Por aquela pobre
Turma de garis.

E em busca do lixo,
Morreu na avenida...
Levando os seus sonhos,
Partiu desta lida,
Num trágico adeus
Aos lixos da vida.

(Anchieta)

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