quinta-feira, 29 de abril de 2010

ENIGMA

MEU GRANDE ENIGMA

Envolve-me, assombroso, o grande enigma,
E os mistérios do além que eu não alcanço
Perpetuam em mim a estupidez...
Sou proibido de compreender,
Nestas realidades irreais
Quem realmente eu fui e quem eu sou...

Ante a grande verdade, sou enigma,
e instante a instante sinto-me morrendo...
Desprendem-se de mim sem fazer trégua
Meus tão frágeis e fúteis fragmentos...
E, caminheiro da divina Terra,
Hei de deixar na aqui o que é da Terra 
E hei de mergulhar na minha incógnita.

Aqui, nesta irreal realidade, Como se soltam
As pétalas de um cravo,
De mim mesmo aos poucos me desfaço
E meus pedaços volatilizados
Hão de voar... eu não sei bem pra onde,
No invisível do transcendental...

O cravo que em vida
Já foi tão viçoso,
Que já perfumou,
Que se fez ramalhete,
Que foi ornamento,
Desbota-se todo.
E murcha, e desfalece...
e pétala por pétala
se desfaz...
Não é mais um cravo!

Amanhã,
Após tão efêmera passagem,
Ninguém saberá que ele existiu...
Assim também,
Pouco a pouco desfaço-me de mim,
No indecifrável enigma
Daquilo que fui,
Daquilo que sou
E do que serei...

(José de Anchieta Batista)      

Um comentário:

Brunno Damasceno disse...

Pareceu agora com as escritas do Mestre Nelson Cavaquinho, mandei um email pra você.