sexta-feira, 28 de maio de 2010

MINHA MALETA ERA UM SACO, MEU CADEADO ERA UM NÓ

Poeta Wellington Vicente


Quando saí do Sertão,
Há muito tempo passado,
Mamãe me deu como agrado
Um saco de algodão
Cheio de recordação
Do meu velho Cabrobó...
A bênção da minha vó
Desviou-me do buraco,
Minha maleta era um saco,
Meu cadeado era um nó.


Trouxe meu velho pandeiro,
Uma peixeira, um anel,
Um folheto de Cordel,
Patuá de benzedeira,
O meu pião, a ponteira,
A carrapeta, o bozó,
Cachaça no mororó
Pra quando estivesse fraco...
Minha maleta era um saco,
Meu cadeado era um nó.


Trouxe a pedra de amolar,
A foto de Padim Ciço,
Reza de quebrar feitiço
No caso de precisar.
Ainda pude lembrar
Dum disco de Matricó...
Um bilhete do xodó,
Tinha também no bisaco.
Minha maleta era um saco
Meu cadeado era um nó.

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