terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

DOM HÉLDER CÂMARA E O CARNAVAL

Hoje, 6/2/2016, já na efervescência de mais uma folia carnavalesca, o amigo Eugênio Pacelli brinda-me, pelo Whatsapp, com uma sábia mensagem do saudoso Dom Hélder Câmara. 
Ao falar do Carnaval, festa olhada pelas religiões como eminentemente profana e pecaminosa, o grande pastor de almas, além de nos fazer refletir sobre o quanto vivemos num mundo de hipocrisias, retratou toda sabedoria e grandeza que trazia em sua alma. D. Hélder não foi mais um pregador do Evangelho de Cristo. Dom Hélder viveu-o intensamente! Foi ele tão grande, que deveria ocupar maior destaque no panteão dos nossos heróis nacionais. Tenho-o como um verdadeiro apóstolo de Deus. Abraçou, durante sua honrada e heroica vida, incansáveis lutas contra todo tipo de opressão, aí incluídas as perversas condições subumanas impingidas aos nossos irmãos "sem vez e sem voz". Nunca fugiu da luta, nem se dobrou diante de ameaças ou de baionetas. Sua luta pastoral estava integralmente dedicada às causas do povo, sobretudo em favor da liberdade e contra a dor das periferias.
Pois bem, aquele grande homem, ante a adversa realidade social que o cercava, assim se pronunciou a respeito do Carnaval:
 “Carnaval é a alegria popular. Direi mesmo, uma das raras alegrias que ainda sobram para a minha gente querida.
Peca-se muito no Carnaval?
Não sei o que pesa mais diante de Deus: se excessos, aqui e ali, cometidos por foliões, ou farisaísmo e falta de caridade por parte de quem se julga melhor e mais santo por não brincar o Carnaval.
Estive recordando sambas e frevos, do disco do Baile da Saudade: “Ô jardineira porque estás tão triste? Mas o que foi que aconteceu?... Tu és muito mais bonita que a camélia que morreu”.
- Brinque, meu povo!  Povo querido!  Minha gente queridíssima. É verdade que quarta-feira a luta recomeça. Mas, ao menos, se pôs um pouco de sonho na realidade dur)a da vida!”.

(Dom HélderCâmara, 01 de fevereiro de 1975, durante sua crônica radiofônica “um olhar sobre a cidade” da Rádio Olinda AM.)
Meu querido padre, você não era um religioso. Os religiosos praticam uma "profissão". Não vivem um sacerdócio. Os religiosos são doentes, são fanáticos, e crucificaram Jesus. Você era um homem de Deus. Um praticante do “amai-vos uns aos outros!”. Um homem com a divina convicção de que “todos somos um”. Você estava acima de nossas baboseiras.
Para você, Dom Hélder:
- Shalon! Namastê! Graça e paz! Saravá! Paz e Bem! Ó glória! Aleluia! Motumbá! Salve Deus! Axé! Paz do Senhor! - e  todas as demais saudações fraternas - Amém!
Meu caro Dom Helder, onde você estiver, receba nossa gratidão e nosso fraterno carinho.                                         
                                                                                                             (Anchieta) 

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