Versos sobre a pouca vergonha de um bando de safados que atacam os cofres públicos e ainda se julgam seres imaculados e abençoados por Deus. "Seus fi duma égua!!!"
sexta-feira, 22 de março de 2019
segunda-feira, 4 de março de 2019
PASSA O TEMPO PREGANDO HONESTIDADE, TODO MUNDO SABENDO QUE É LADRÃO
Deve ser o seu guia e companheiro.
Do Tesouro, roubou muito dinheiro,
Pra formar este enorme patrimônio...
Debaixo da camada de ozônio,
Não existe um sujeito mais vilão,
Procurar outro igual será em vão,
Procurar outro igual será em vão,
No grande lamaçal da improbidade:
- Passa o tempo pregando honestidade,
Todo mundo sabendo que é ladrão.
No domingo o safado está na Missa
Como um anjo aos pés do Criador,
Faz ofertas também a algum pastor,
Diz que a Deus sua alma é submissa,
Prega paz, prega amor, prega justiça,
Prega tudo o que traz a salvação,
Diz que Cristo foi sua redenção
E que vive na luz e na verdade:
- Passa o tempo pregando honestidade,
Todo mundo sabendo que é ladrão.
É comprando seus votos que é eleito,
E assim, nunca perde o seu mandato.
O safado é ligeiro igual a um rato,
E na arte do roubo ele é perfeito,
Pois aí ele encontra sempre um jeito
De burlar os caminhos da prisão.
Não vai longe uma só acusação...
“É coisa de inimigo, é só maldade!”
- Passa o tempo pregando honestidade,
Todo mundo sabendo que é ladrão.
É por isso que nossa humilde gente,
Sem remédio, sem médico, sem leito...
Nos hospitais mendiga seu direito,
Mas nada importa a dor que o povo sente.
Nos hospitais mendiga seu direito,
Mas nada importa a dor que o povo sente.
E este bandido zomba impunemente
Da indigência da população...
Que sem comida, emprego e habitação
É por ele assaltada sem piedade...
É por ele assaltada sem piedade...
- Passa o tempo pregando honestidade,
Todo mundo sabendo que é ladrão.
Porém Deus que não tem olhos fechados
E não deixa um pecado sem cobrança...
Vai fazê-lo subir numa balança,
Pra medir quanto pesam seus pecados...
Os tostões, um por um, serão cobrados...
Eu não sei de que jeito, mas serão!
Roubar do povo é crime sem perdão,
Pois só os pobres sofrem de verdade...
- Passa o tempo pregando honestidade,
Todo mundo sabendo que é ladrão.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019
OS MESMOS URUBUS
Ali sempre estavam eles...
Eram centenas, milhares,
Com seus voos circulares,
Boçais, garbosos à beça,
Nos céus brincando sem pressa,
Como senhores dos ares...
Ali sempre estavam eles...
Vestidos muito a rigor,
Em preta e retinta cor.
Naquele horrível mormaço
Eles brincavam no espaço,
Dos ventos, indo ao sabor.
Ali sempre estavam eles...
Em preta e retinta cor.
Naquele horrível mormaço
Eles brincavam no espaço,
Dos ventos, indo ao sabor.
Ali sempre estavam eles...
Uns nos céus, outros no chão,
Em meio à putrefação...
Pra eles - fartura e festa,
Para nós - cena funesta
Dos horrores do Sertão.
Em meio à putrefação...
Pra eles - fartura e festa,
Para nós - cena funesta
Dos horrores do Sertão.
Faz muito tempo... a saudade
Ao meu rincão me conduz...
- Mesmo sofrer, mesma cruz,
Mesma dor, mesma tristeza...
A sede, a fome, a pobreza
E os mesmos urubus...
(Anchieta)
sábado, 9 de fevereiro de 2019
... E A POLITICAGEM NÃO MUDA!
(*) José de Anchieta Batista
Minha atual sensação é a de que me tornei
idoso sem me tornar aquele velho em desuso, fora de validade, ou simplesmente
deslocado para algum recanto, a fim de não atrapalhar o caminho. Sei que é melhor
não insistir nas mesmices. Melhor medir as atitudes para não parecer, em certos
momentos, um velhote que quer parecer um adolescente. Tudo tem que ser muito
natural. Assim, não seremos nem velho nem jovem, mas um ser humano investido de
suas potencialidades do momento. Sou esse cara. Não posso mais fazer uma
corrida de dez quilômetros, nem posso mais praticar o pentatlo militar, mas
continuo sendo o Anchieta. E a vida continua bela.
Abandonei aquela satisfação de estar buscando
assuntos polêmicos para cutucar os outros, mas continuo com minha varinha de
ferrão funcionando. Já não discuto tanto sobre futebol, salvo se o Vasco da
Gama estiver sendo vilipendiado por algum rubro-negro.
No que tange a religiões, realmente não as coloco
em pauta. Não as discuto, mesmo. Quem quiser adorar um cabo de vassoura, defendo
esse direito e exijo que isso seja respeitado. Ante a convicção de que o que
chamam de Deus compreende o micro e o macro, sem lacunas ou reticências,
convenci-me de que todos somos absolutamente ignorantes a respeito deste Ser
Supremo a que deram traços e atitudes humanas. Deus, na forma como o propagam,
é simplesmente uma invenção humana. Afinal, somos todos um bando de bestas que se
atribuiu o poder e o direito de criar, a seu modo, o próprio criador.
A origem de tudo? Calma, amigo. Ninguém sabe,
nem nunca soube e, provavelmente, nunca saberá. O que existem são histórias
fantásticas. Escute bem: Ninguém, dentre esses comedores de feijão que conheço,
consegue delimitar e esclarecer os mistérios circundados pela vida e pela
morte. Ninguém consegue identificar exatamente onde termina uma e onde começa a
outra. Isso simplesmente não existe porque tudo é uma coisa só. A vida está na
morte e a morte está na vida. O detalhe disso? Desculpa, não sei!
Não entremos em discussão. Realmente de nada
sabemos.
Melhor não tentar alcançar o inalcançável.
Findaremos criando, como já o fizeram, uma fantasia própria, transformando-a em
verdade insofismável e a ela nos submetendo como regra de vida, embora falsa.
Desejo recordar algo de nossas vidas.
Lembram-se das discórdias em nossos “achismos”? Crescemos sob alertas
cotidianos de que “religião, política e futebol, não se discute”. Besteira.
Passamos a vida inteira discutindo essas e muitas outras predileções pessoais,
sem observar esse preceito. Nada nos levou a lugar nenhum. Só a sabedoria é que
termina nos convencendo.
Bem, ficou claro acima que, por uma opção própria,
ou amadurecimento - não sei -, já não me fascina aquela euforia em discutir se
o melhor é o Flamengo ou o Vasco, ou se o gol mais bonito da rodada foi esse ou
aquele. Ficou para trás o tempo em que eu me achava o máximo, declarando-me um
ateu. Já não me anima discutir obras literárias, nem concordar ou discordar de
qualquer estilo que seja opção de alguém. O mundo não é meu e cada um que ocupe
a janela que quiser e puder ocupar. O restante, dane-se!
Pelo amor de Deus! Quase esqueci de abordar aqui,
neste contexto, um dos assuntos sobre o qual se recomenda veementemente não
discutir sobre nossa forma de vê-la: A POLÍTICA!
Seria ótimo que eu tivesse disposição e condições
de discutir este assunto tão valoroso. Seria de grande importância se seus princípios
basilares fossem realmente seguidos. Mas tem sido um mero ritual para dar “pão
e circo” ao povo. Esta “porcaria”, que dizem tratar-se de uma Ciência, não me
traz agora na velhice prazer algum em qualquer discussão. O que sinto por ela é
repugnância. Assisti durante a vida inteira a um permanente desfile de coisas e
regras criadas pelos humanos, sempre com vantagens voltadas para aqueles que as
inventam. Venho do tempo de Getúlio Vargas. Alguém pode me garantir que as
coisas tenham mudado substancialmente?
Pobre humanidade.
Quando os homens conseguem se libertar das
tiranias e buscam compor democraticamente seus próprios governos, sempre,
sempre, nasce do âmago de si próprios uma maldita impostora chamada POLITICAGEM,
com um caminho traçado para os desmandos e para a corrupção. A escadaria do
poder possui sempre o mesmo traçado e o mesmo jeito de acontecer. Sem fedentina,
lá não se chega. É a regra atual. Esse monstro é forjado no egoísmo, na
ganância desenfreada, nos interesses pessoais e noutras mazelas que fazem do
ser humano uma criatura odiosa e desagregadora.
No Brasil, os governos se sucederam historicamente até os dias atuais,
com seus roteiros e suas próprias desgraças. Ocorre que a maldita politicagem vem
acompanhando tudo, obedecendo seu próprio regulamento de perpetuação.
E nosso povo? Sem muita discussão, com seus
fardos de esperanças, continua à beira do caminho, no aguardo de que o trem da
liberdade venha acolhê-lo em algum alvorecer.
(*) Professor, poeta e escritor
quarta-feira, 16 de janeiro de 2019
SAUDADES SEM REMÉDIO (José de Anchieta Batista)
Em
Teixeira, Paraíba,
No meu
sagrado Nordeste,
Eu
nasci “cabra da peste”,
Sonhador,
poeta e escriba...
Andei
“pra baixo e pra riba”,
Num
mundo de tanto engano...
Fui sensato
e fui insano,
Perdi
lutas... venci guerra...
Sem
esquecer Minha Terra:
- Meu
torrão paraibano!
Cresci
em Aparecida...
Ali
pertinho de Sousa,
E sua
imagem repousa
No
livro de minha vida!
Daquela
gente querida,
Poucos
estão por ali...
Lembro
que quando parti,
Seu
nome ainda era “o Canto”,
E ali,
feliz, eu fui tanto
Que de
lá nunca esqueci!
Meu
pai, Batista, homem forte,
Plantava
um grande roçado
Pra
não faltar o bocado
E proteger
nossa sorte...
Porque
não há quem suporte
Olhar
com desolação
Um filho
chorar sem pão,
Quando
uma seca assassina
Faz da
dor uma rotina
Pra
castigar o Sertão*.
Ali no
grupo escolar,
Houvesse
seca ou inverno,
Com
livro, lápis, caderno,
A
gente ia estudar...
E
papai sempre a lembrar:
- Tu
não serás o que és!
Estuda!
– que ao invés
Dessa
pobreza malvada,
Não
herdarás minha enxada
Pra
puxar cobra pros pés.
Minha
mãe, com muito amor,
Queria
que em minha sina
Eu
vestisse uma batina
Em vez
de ser um doutor...
Mas eu
não tinha fervor
Pra
seguir a vocação.
Desbravei
mundos, então,
Inquieto,
afoito e audaz,
Mas
sem esquecer jamais
Das
coisas do meu Sertão.
Lembro
os livros na sacola,
Lembro
os castelos de areia,
As
coisas de minha aldeia,
Meus
coleguinhas da escola,
Meu
campo de jogar bola,
Os
meus carrinhos de lata,
E aquela
gente pacata,
Cheia
de fé e esperança...
Tudo
agora é só lembrança,
E esta
lembrança me mata.
Aprendi
xote e baião,
Só
para dançar com ela,
A
garotinha mais bela
Que
pisava aquele chão...
Despedi-me
num São João,
Jurando
que voltaria,
Mas
nunca houve esse dia...
-
Hoje, triste, em mim não cabe
A
saudade... e ninguém sabe
Por
onde anda Sofia.
Quando
a tristeza me lança
Lá nos
tempos de menino
Lembro
o sertão nordestino
E me
tortura a lembrança...
Que
bom ter sido criança
Lá na
terra do repente,
Onde a
viola plangente
Enfeita
o mote e a canção...
-
Saudades de meu Sertão!
-
Saudades de minha gente!
Na
velhice, hoje cansado,
Tento
vencer a distância
Para
rever minha infância
No meu
longínquo passado...
No
peito, um fardo pesado,
Que
conduzo a contragosto...
Só
saudades... – Que desgosto...
Não
quero lembrar mais nada!
-
Basta a lágrima malvada,
Que
agora queima o meu rosto.
sábado, 12 de janeiro de 2019
A MALDITA HIPOCRILÍTICA BRASILEIRA
José de Anchieta Batista
Você sabe o que vem a ser HIPOCRILÍTICA? Não?
Calma aí, que eu lhe mostro o caminho das pedras.
Fique certo de que não é uma invenção minha. Num
primeiro contato, pode-se supor que se trata de uma técnica moderna, recém-descoberta
sobre uma coisa qualquer. Não, não é isso não. Quem sabe, seja uma novíssima
ciência responsável por alguma área do conhecimento humano. Também não é, amigo.
Bem que poderia ser uma geringonça criada pelo Prof. Pardal, aquele personagem
do Walt Disney que mantém, em seu jardim, aquela placa: “Inventa-se qualquer coisa”. Mas, não é isso não, nem nada
parecido.
Num desses dias, em busca de construir um
neologismo que retratasse a desavergonhada política brasileira, fiquei
orgulhoso de haver composto por aglutinação esse novo vocábulo. Fui ao Prof.
Google para constatar que minha suposta criação era inédita. Foi um engano. A
tal HIPOCRILÍTICA estava lá. Alguém já tivera a ideia e eu chegara simplesmente
atrasado. Diante disso, apenas balbuciei uma imprecação e, deixando pra lá a decepção,
fiz como a raposa da fábula de Esopo (A raposa e as Uvas):
- Não, Anchieta, essa palavra é horrível,
desagradável ao ouvido, difícil de pronunciar e, além de tudo, não parece dar
um sentido claro à pretensão. Estará, desde logo, abominada.
Bem, amigos, o certo é que a palavra já existe
na Língua Portuguesa e está inserida naquele dicionário virtual a que deram o
nome de “Dicionário Informal”. Eis como a descreveram:
“Junção
das palavras hipocrisia + política; Hipocrisia e corrupção instaladas na
política, que são fomentadas por políticos de má índole.”.
A HIPOCRILÍTICA, portanto, é algo privativo
de políticos safados, mentirosos, hipócritas, demagogos, ladrões, vagabundos, caras-de-pau,
ou qualquer dos abundantes sinônimos existentes, a critério do freguês. Ressalto
que também fazem parte da mesma corja, os asseclas, os comparsas e os puxa-sacos
do mundo da politicagem.
Embora veemente meu grito contra a
bandalheira política, é bom frisar que a abrangência do que abordo aqui não pretende
atingir 100% dos políticos. Seria uma imperdoável leviandade dizer que não
existem exceções.
Não estranhem minha confissão de que não
morro de amores pelo que chamam de política em nosso Brasil. Essa coisa
vergonhosa persiste em evoluir mui lentamente. É que tudo depende da mudança da
cultura e dos valores entranhados no conjunto de nossa gente. Aos 74 anos,
claro que não vou assistir transformações substanciais, porém alguma coisa já
foi sinalizada.
Os palanques, que antigamente eram os maiores
altares da mentira, transferiram-se ultimamente para nossos aparelhos de televisão,
nossos celulares e nossos notebooks. Com raríssimas exceções, figuras HIPOCRILÍTICAS
que se julgam “divinas” e “milagreiras”, aproveitam-se dessa ubiquidade para a
“compra de votos” pelo método das promessas que jamais cumprirão. Numa
sociedade em que as convicções políticas mudam de rumo conforme a onda que
estiver em voga; numa sociedade em que a compra do eleitor só muda o jeito de como
fazê-lo; numa sociedade em que subsiste o “MOBRAU” (Movimento Brasileiro de
Analfabetos Universitários), lidamos com uma infinidade de “doutores com
depromas”, lamentavelmente nivelados aos analfabetos comuns, na inconsciência
da própria cidadania. É triste a realidade: Somos uma sociedade repleta de
analfabetos políticos. E isso é muito lento para mudar.
Em nosso querido e sofrido Brasil, o “se dar
bem” é o grande combustível que move os HIPOCRILÍTICOS. Na busca por algum
mandato, os interessados nesse mercado de poder e roubalheira negociam a mãe e
a própria alma para o capeta. Lambuzam-se todos na fétida lama e se tornam cada
vez mais convictos de que são inatingíveis. E quanto mais se sujam, mais se
sentem vestais. Somente agora, nesses últimos tempos, nossa sociedade resolveu
dizer para eles que não é bem assim. Os órgãos de combate a esses malfeitores
históricos, resolveram anunciar o nascer de um novo sol. Assim, só recentemente,
com muitas eras de atraso, inúmeros decretos de prisão pareciam gritar a esses
personagens: Cuidado! Acordamos e estamos
aqui. Evitem praticar rapinagens com o patrimônio do povo. Vamos prendê-los
também!
Esses alertas barulhentos, por
meio de exemplos mostrados na mídia, quando do aprisionamento de seus pares e
comparsas, parecem não alcançar a amplitude esperada. Não lhes causam temor. Não
há um só dia em que não se aconteça pelo menos uma nova operação das polícias,
prendendo alguém que continuou na mesma safadeza. Esses caras, ou não conseguem
acreditar em que não são mais inatingíveis, ou alimentam a confiança de que
“comigo não acontecerá”. Pelo que estou assistindo, faz sentido avisá-los: aguardem!
Um lembrete: tais meliantes não são somente
ladrões. São assassinos. Ajudam a matar pessoas, roubando os recursos que
evitariam muitos velórios.
É isso, amigos, melhoramos muito, mas há
muita estrada a percorrer. Parece muito difícil encontrar um pesticida que
elimine, com maior rapidez e de uma vez por todas, as desgraças provocadas pela
HIPOCRILÍTICA BRASILEIRA.
terça-feira, 8 de janeiro de 2019
QUALQUER DIA OUTRA BUNDA TE OCUPARÁ
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(*) José de Anchieta Batista
Depois de vinte anos ocupando cargos
no governo do estado do Acre, peguei meu matulão e voltei para minha condição
original de simples aposentado. Durante este período, como titular ou adjunto,
estive na administração de alguns órgãos do Estado, quais sejam: Secretaria de
Administração e Patrimônio Público, Secretaria de Educação, Secretaria
Executiva de Informática, Instituto de Previdência, além de órgãos da
administração indireta, como COHAB, ACREDATA, CODISACRE, FADES, COLONACRE e
CILA, ditas em extinção.
Alguém poderia me perguntar
qual foi o meu saldo, ao término destes 20 anos.
- Juro que não sei. Sempre
fui zeloso e exigente com tudo o que me proponho fazer. Com certeza, em nenhum
desses lugares foi diferente. É óbvio que, seja qual for o governo, vários
impedimentos sempre estão presentes para bloquear, ou mesmo dificultar,
avanços. Assim, perde-se mais tempo retirando obstáculos do caminho do que
propriamente caminhando. Porcarias oriundas dos manuais da politicagem, muitas
vezes impedem que se atinjam melhores resultados, obrigando-nos a continuar
rodando o mesmo filme todos os dias. Forças externas, e até mesmo internas,
impõem, repetidas vezes, inversões de prioridades quanto às necessidades e
melhorias de vida de nossa gente. Constatei que tudo depende daquilo que,
implantado, mesmo que não seja mais urgente e mais necessário, signifique uma
maior captação de votos. E por aí vai.
Diante de tudo isso, fiz o
que realmente pude. Tenho minha consciência tranquila de que aquilo que
precisava ser feito, se não o fiz, foi meramente pela impossibilidade de
executar.
O sabor do poder depende de
quem seja você. O ritual acontecido em suas entranhas pode tanto ser
fascinante, quanto causar-lhe nojo em certos momentos. Embora uma parte da
sociedade olhe você com raiva, isso é compensado pela outra parte que quer
carregá-lo nos braços; o conforto e as mordomias cercam você; chovem convites
para eventos luxuosos; você não vai ao banco porque o gerente vem até você;
novos amigos se apresentam, embora falsos e temporários; os “colunas-moles”
(assim os denomino) só faltam beijar-lhe os pés, num jogo de aproximação de
patéticas reverências. Os interesseiros estão em todos os lugares; Se você não tomar
cuidado, esquece as suas obrigações e se entrega tão somente a sentir-se um
rei, com bajuladores lhe refrescando a vida, num mundo de inócua fantasia. É aí
que os puxa-sacos juramentados que vivem ao derredor, começam a falar,
mentirosamente, somente o que lhe agrada ouvir. Isso inevitavelmente vai
empurrar sua gestão para o brejo.
Uma das coisas que me
envaidecem hoje em dia é não ter, em momento algum, deixado o veneno do poder
subir para a cabeça, como um patrimônio meu. Nunca me fiz pavão nem andei de
“sapato alto” para me sentir acima das pessoas. Na realidade foram 20 anos
buscando servir, o que em alguns casos não é bem compreendido, sempre que os
interesses pessoais estão na contramão da lei.
Desejo concluir este artigo
pondo em foco aqueles que entram em depressão quando termina o mandato ou o
cargo para o qual tenha sido nomeado. Passar duas décadas no poder e adoecer
quando ele termina é ter interiorizado uma posse sobre o que em momento algum
lhe pertenceu. Não existe usucapião. A cadeira ocupada pertencia e continua
pertencendo ao povo.
Não foi uma só vez que
teatralizei meu desapego à cadeira em que estava sentado. Minha secretária, a
Samira, que me acompanhou por todo esse tempo, ria-se a valer quando por algum
motivo, levantava-me bruscamente, punha meu dedo em riste, apontava para aquela
espécie de "trono", e bradava com voz muito firme:
- Tu não me pertences!
Qualquer dia, outra bunda te ocupará!
Era verdade. Entrou um novo
governo, fui-me embora... e ela não me fez falta.
(*)
Auditor-fiscal aposentado da Receita Federal do Brasil, ex-Presidente da
Associação Brasileira das Instituições de Previdência (ABIPEM), ex-Secretário
de Estado do Servidor e do Patrimônio Público do Acre, Ex-vice-presidente do
CRCAC, ex-membro e vice-presidente do CONAPREV, Contador, Professor, Escritor, Poeta e ex-Presidente
do Acreprevidência.
terça-feira, 1 de janeiro de 2019
ENTREVISTA DE JOSÉ DE ANCHIETA BATISTA ao Jornal AC24HORAS
O assunto enfocado foi o Regime Próprio de Previdência do Estado do Acre.
O Tesouro Estadual, no mês de novembro/2018, transferiu ao Acreprevidência R$ 40 milhões de reais para cobrir o déficit financeiro do RPPS no pagamento de aposentados e pensionistas. O custo total é de R$ 70 milhões para um número de 15.000 benefícios. Os servidores e o Estado contribuem com R$ 30 milhões, absurdamente insuficiente para cobrir toda a folha.
Em algum momento futuro, mais 22.000 servidores se aposentarão e teremos (a valores de hoje) R$ 102 milhões a mais, o que totalizará R$ 172 milhões, para um número de 37 mil benefícios.
Em algum momento futuro, mais 22.000 servidores se aposentarão e teremos (a valores de hoje) R$ 102 milhões a mais, o que totalizará R$ 172 milhões, para um número de 37 mil benefícios.
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PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR: SERVIDORES ATUAIS NÃO ESTARÃO OBRIGADOS
(*) José de Anchieta Batista
Tenho assistido a um festival de opiniões totalmente equivocadas a respeito da criação do regime de previdência complementar para futuros servidores públicos do Estado do Acre. Isso mesmo: futuros servidores públicos!
Ouvi opiniões de pessoas que deviam, pelo menos, ter perguntado ao Prof. Google informações rudimentares sobre tal assunto, pois não dá para aceitar que até mesmo representantes de classe estejam tão desinformados sobre isso, num momento de enorme barulho, ocasionado por uma iminente reforma no sistema previdenciário brasileiro. Alguns não sabem sequer a diferença entre o regime próprio e o regime geral, entre um regime de repartição e um regime de capitalização, mas danam-se a emitir opiniões, sem saber de que estão falando, atropelando tudo, com ar professoral.
Nesse imbróglio todo, ouvi alguém afirmar que a previdência complementar obrigaria os antigos servidores, inclusive impondo-lhes uma majoração da alíquota atual para 22%. Uma inverdade. Fiquem todos convictos de que, quanto aos atuais detentores de cargos efetivos, não estarão submetidos a absolutamente nada. A lei apenas lhes concederá o direito de migrar para o novo modelo, se assim o desejarem. Para esses servidores a situação previdenciária atual não sofrerá qualquer imposição. Continuarão, sim, submetidos a possíveis alterações de regras impostas aos regimes próprios, por eventuais reformas.
A respeito de tudo isso, o Acre não pode inventar nada que se conflite com os parágrafos 14 a 16, do Art. 40, da Constituição Federal, e, também, não pode se insurgir contra os ditames das Leis Complementares 108 (dispõe sobre a complementar para servidores públicos) e 109 (que dispõe sobre o regime de previdência complementar), ambas de 29 de maio de 2001.
Gostaria de repisar o que já disse, em oportunidade anterior, que a Previdência é algo que deveria ser sempre tratado com visão de estado e não de governo. Tem sido historicamente comum que muitos que se pretendiam estadistas apenas se livraram do problema, aplicando remédios para um horizonte temporal do tamanho de seu mandato. Essa atitude, ainda plenamente em uso, subentende que os problemas que surgirem futuramente devem ser resolvidos pelo governante de plantão. Danem-se o futuro e as futuras gerações! Refiro-me a isso porque a Previdência Complementar é uma mudança com o olhar no amanhã.
Vamos resumir nosso objeto central:
1 - Os novos servidores que perceberem valor igual ou menor que o limite máximo adotado pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, hoje R$ 5.645,80, contribuirão OBRIGATORIAMENTE para o atual regime próprio com a alíquota em vigor (14%), e estarão desobrigados de contribuir para a complementar.
2 - Os novos servidores que perceberem acima do limite máximo adotado pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, hoje R$ 5.645,80, contribuirão OBRIGATORIAMENTE para nosso regime próprio com a alíquota em vigor (hoje,14%); sobre o que exceder, poderão OPCIONALMENTE contribuir para a previdência complementar, com alíquota a ser adotada pelo plano. Cada participante terá conta individualizada para a capitalização das contribuições que lhe dizem respeito. Quanto ao benefício futuro será composto de duas parcelas: a primeira estará vinculada ao RPPS, obedecendo o limite sobre o qual contribuiu; a segunda, SE HOUVER OPTADO PELA COMPLEMENTAR será paga pelo Fundo Complementar, decorrente do montante capitalizado. O Estado contribuirá com igual valor (1 por 1).
CONTRIBUIÇÕES DO SERVIDOR QUE PERCEBA R$ 10.000,00
– Contrib. para o RPPS
➔ 5.645,80 X 14,% = 790,41
– Contrib. para a Complementar
➔ 4.354,20 X 7,5,% = 326,56
O total das contribuições para o servidor seria R$ (790,41 + 326,56) = 1.116.97 (supondo-se uma alíquota de 7,5%).
Sem o Fundo de Previdência Complementar, a contribuição seria de 14% de R$ 10.000,00, ou seja, R$ 1.400,00 para o atual regime. O novo regime limitará a obrigação previdenciária do Estado, principalmente para grandes remunerações.
A intenção de implantar a previdência complementar não pretende, de forma alguma, solucionar no curto prazo os problemas por que passam os entes federativos, diante dos déficits ocasionados por seus regimes próprios. Os maiores efeitos da criação dessa previdência complementar sobre a atual situação financeira do Acre não se farão sentir imediatamente. Estamos tentando olhar para o futuro. É uma plantação cuja colheita será efetivada daqui a 30 ou 35 anos.
Por oportuno, lembro ainda que a fiscalização e supervisão serão exercidas legalmente por uma autarquia federal, vinculada ao Ministério da Fazenda, denominada Superintendência Nacional de Previdência Complementar - PREVIC, que também tem a incumbência de aprovar o plano de benefícios e autorizar o funcionamento do citado regime previdenciário no Estado do Acre.
Não vamos gritar o “não” pelo “não”. Debater o assunto é o melhor caminho.
domingo, 9 de dezembro de 2018
NÃO HÁ PREVIDÊNCIA QUE SE SUSTENTE
Aposentada aos 40 anos de idade, dra. Matilde deve
passar algo em torno de cinquenta anos recebendo da previdência acreana um vultoso
benefício mensal.
Estupefato, cumpri recentemente a obrigação de conceder
essa aposentadoria especial, em mais um ritual do aprofundamento da crise
previdenciária que se aguça, no Acre, no Brasil e no Mundo.
Não! não houve ilegalidade nem fraude nenhuma. Tudo
dentro da lei, absolutamente dentro da lei. Dra. Matilde é exemplo de probidade
e tem vida inspirada na ética e na moral.
Se a aposentadoria foi por invalidez? Também não!
Dra. Matilde é exemplo de pessoa saudável, cheia de vigor e juventude.
A servidora, em si, não deve ser motivo de qualquer
censura pessoal, por menor que seja. Dra. Matilde apenas utilizou-se dos
direitos que as regras previdenciárias em vigor lhe conferem. Está tudo bem
certinho, tudo dentro da lei, na aposentadoria dessa jovem servidora. Isso,
porém, significa mais um alerta sobre a imperiosa necessidade de uma reforma, ampla,
rigorosa e responsável, nas leis que regem atualmente os regimes de previdência
social. O cobertor é curto. As despesas crescem desenfreadamente e as receitas não
conseguem acompanhar. No Brasil, só algo parecido com o milagre dos “cinco pães
e dois peixes” cobririam as deficiências dos seus regimes próprios. Mas Jesus Cristo, o santo rabino da Galileia, preside
outro tipo de previdência.
Vejam um exemplo concreto dessa desproporção no Poder
Executivo do Acre: entre 2006 e 2018, a quantidade de benefícios cresceu 233%.
Saiu de 4.500 para 15.000 benefícios. Enquanto isso, a folha, que era de 7,6
milhões, deu um salto de 830%, atingindo um total de mais de 70 milhões.
A respeito da norma legal que permitiu o benefício
acima, concedido a Dra. Matilde, o Estado do Acre, em passado recente, lutou
até a instância maior do Supremo Tribu
nal Federal, para garantir que a Lei
Complementar (federal) nº 51, de 20/12/85, fosse declarada não recepcionada pela
Constituição Federal de 1988. Perdemos. Mas não ficou só nisso. Acharam pouco
e, posteriormente ao nosso insucesso, o Congresso Nacional deu àquela lei uma
roupagem nova, aprovando as Leis Complementares nºs 144/2014 e 155/2015, permitindo
à mulher policial aposentar-se aos 25 anos de serviço (independentemente de
onde haja trabalhado), desde que conte com 15 na carreira policial. Isso sem previsão
de qualquer limite de idade.
Nada contra a valorosa classe policial, mas os nobres
legisladores deviam ter indicado, em algum artigo da Lei, as respectivas fontes
de custeio. Os Estados e municípios não possuem uma Casa da Moeda. Esse tipo de
“bondade”, concedida de forma politiqueira pelas distintas “excelências” de
Brasília, sem olhar para os efeitos desastrosos, é, na verdade, uma maldade
contra toda a sociedade. No amanhã, outra geração haverá de pagar.
Dra. Matilde, além dos 15 anos e 6 meses vividos como
policial, apresentou ao Acreprevidência uma certidão, emitida pelo Instituto
Nacional do Seguro Social - INSS, reconhecendo 11 anos e 7 meses de
contribuição, preenchendo, assim, todas as exigências legais. Como não há
previsão de idade, seu direito era líquido e certo, e não podia ser questionado
por ninguém. Parabéns, Dra. Matilde. Faça bom proveito de sua aposentadoria.
Escrevo hoje sobre tal assunto porque esta foi a mais
emblemática de todas as aposentadorias que concedi, durante os 13 anos em que
estive à frente do Acreprevidência. Acredito que nesse período, fui signatário
de bem mais de 10.000 aposentadorias e pensões previdenciárias a segurados do
regime próprio do Estado do Acre. Antes deste benefício, ora abordado, a
aposentação campeã, neste particular, era a de uma outra mulher, militar de
alta patente, que fora para casa aos 43 anos de idade.
Não posso, contudo, concluir esta crônica sem confessar
que minha própria aposentadoria como funcionário público federal, é um exemplo
de benefício originado na contramão da sustentabilidade do regime
previdenciário. Em 1994, num desses momentos angustiantes da vida, resolvi me aposentar. O Ministério do Planejamento indeferiu-me a
contagem de tempo de escola agrotécnica, mas minha ansiedade em ir logo para
casa proporcionou-me um ato de insanidade. Aposentei-me proporcionalmente
(naquele tempo era possível) e deixei pra lá qualquer briga judicial pelo tempo
não reconhecido. E sabem com quantos
anos deixei o serviço ativo? 49 anos e 5
meses de idade. Se é um absurdo? Estou convicto disso! Eu houvera atingido meu
melhor nível de conhecimento e experiência no cargo que exercia. Podia ainda
trabalhar satisfatoriamente por mais uns 20 anos. Naquela
decisão tempestuosa, além do cofre do regime, também fui prejudicado. Hoje, eu
agradeceria se as leis da época fossem mais rígidas. Teriam me obrigado a
esperar por uma aposentadoria integral.
Bem, amigos, parafraseando um alerta feito por alguém
(Prof Google acaba de me informar que foi um naturalista francês, no século 19),
nos afirmando que “ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o
“Brasil”, quero gritar algo parecido:
- “Ou o Brasil reforma com seriedade sua previdência,
ou a previdência acaba com o Brasil!”
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