quinta-feira, 4 de junho de 2009

Senhor Deus dos desgraçados! (1990)

O que fizeste, Cabral?
Que maldição, afinal,
Nos fez a sorte tristonha?
Será que em tua viagem
Não puseste na bagagem
A honestidade e a vergonha?

Ó Pero Vaz de Caminha,
Aqui, a planta daninha
Proliferou muito mais...
E esta minha pobre gente,
Tão sofrida, impaciente,
Já não mais sabe o que faz!

Às vossas preces benditas,
Jesuítas, jesuítas,
Ninguém nos céus disse "amém!"...
De lá, Poeta, responde,
Onde é que Deus se esconde,
Que socorrer-nos não vem!

Castro Alves, vem de novo,
Chorar a sorte de um povo
- Os filhos dos degredados -...
Vem lançar ao infinito
Novamente aquele grito:
- "Senhor Deus dos desgraçados!"

(Anchieta)