segunda-feira, 7 de novembro de 2016

A POESIA DO PARAIBANO RAUL CAMPELO MACHADO





   









UM BRILHANTE, QUASE DESCONHECIDO,  POETA PARAIBANO:  > RAUL MACHADO.
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LÁGRIMAS DE CERA

Quando Estela morreu choravam tanto!
Chovia tanto nessa madrugada!
— Era o pranto dos seus, casado ao pranto
Da Natureza — mãe desventurada
Ninguém podia ver-lhe o rosto santo,
A fronte nívea, a pálpebra cerrada,
Que não sentisse logo, em cada canto
Dos olhos uma lágrima engastada!
Ah! não credes, bem sei, porque não vistes!
Mas, quando ela morreu, chorava tudo!
Até dois círios, lânguidos e tristes,
Acendidos à sua cabeceira,
Iam chorando, no seu pranto mudo,
Um rosário de lágrimas de cera!

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NO CAMPO SANTO

A sepultura em que repousa Estela,
– Lírio que, mal se abrira, desmaiara! –
Não tem jarros, estátuas, nem capela,
Nem inscrições em lousa de Carrara.
Mas é tão simples, tão florida e clara,
Que basta ver-se-lhe a feição singela,
A sua alvura, entre roseiras, para
Saber-se que é a sepultura dela...
É o mais pobre dos túmulos vizinhos...
E o mais lindo, entretanto, que há na terra!
Cantam, na sua cruz, os passarinhos...
E, ressurgindo em formas caprichosas,
A mocidade morta, que ela encerra,
Sorri à vida, transformada em rosas.
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Raul Campelo Machado era jurista, ensaísta, conferencista, escritor, poeta e também poliglota. Nasceu em 07 de abril de 1891, em Batalhão, atual Taperoá, Estado da Paraíba.
Iniciou os estudos em Taperoá, complementando-os no Lyceu Paraibano; a seguir, matriculou-se na Faculdade de Direito do Recife, onde cursou somente o 1º ano, indo concluir na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro.
Aos 15 anos, já compunha versos que publicava no Jornal A União, órgão oficial do governo do Estado da Paraíba.
Aprovado em concurso público, foi nomeado Auditor de Guerra, indo servir nos Estados do Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.
Exerceu as funções de: Promotor da Justiça Militar, em Pernambuco; Ministro do Tribunal de Segurança Nacional; Secretário Geral da Comissão Organizadora dos Estatutos dos Funcionários Públicos e Ministro Corregedor da Justiça Militar.
Era Membro da Sociétè des hommes de lettres e da Sociétè Academie d`histoire Internationale, ambas da França.
Faleceu em 19 de julho de 1954, a bordo no navio Provence, quando regressava da Europa, aonde fora em busca de tratamento de saúde.
É Patrono da Cadeira 35 da Academia Paraibana de Letras
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Obras: Cristais de Bronze (1909); Água de Castália (1919); Asas Aflitas (1924); Pelo Abolicionismo da Arte (1925); Praxe do Processo Criminal Militar (1926); A Culpa no Direito Penal (1929); Direito Penal Militar (1930); Pássaro Morto (1933); Código Penal Militar da Alemanha (1932); Poesias (1936); Dança das Ideias (1939); A Lâmpada Azul do Sonho (1946); Asas Libertas (1950).
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