Depois de um período de clausura no ventre materno,
geralmente nove meses, somos promovidos à condição de recém-nascidos, momento
em que passamos a contar idade, pela passagem no Planeta Terra. Eis-nos,
talvez, os mais indefesos dos animais. Somos frágeis e não temos consciência de
nada ao derredor. Estamos absolutamente nus. Não temos conhecimento, nem
capacidade para praticar as regras de sobrevivência.
E se não tivermos cuidadores que nos alimentem e protejam, teremos apenas
alguns instantes ou algumas horas de vida.
Ao chegar aqui, um tem a sorte de
nascer em berço de ouro, provido de finíssima inteligência e de uma compleição
física perfeita e bela. Outro vem ao mundo em meio à miséria, às vezes com
deficiência física e mental, ou traz consigo assombrosa feiura. Um estará
rodeado pelo amor, outro, pelo ódio. Um nasce num país onde reina a paz, outro,
em meio à barbárie da fratricida guerra. Em suma: um tem mais probabilidade de
atravessar a vida nas asas da felicidade. Outro está condenado a conduzir o fardo
da miséria e da desgraça.
Uma síntese bem simples e
rudimentar desta realidade seria afirmar que nossa vida neste mundo faz parte
de uma tragicomédia em cujo roteiro predominam o paradoxo, o mistério, as
condenações sem motivo e as injustiças inexplicáveis.
Neste contexto, de onde viemos?
Que estamos fazendo aqui? Para onde iremos depois? Será que após nossa passagem
pela Terra, viajaremos para o “nada”? Onde está o que chamamos de Deus? Ele
existe? Como realmente ele é? Qual a verdade sobre tudo isto?
Eu, particularmente, trago a
convicção de que há algo maior. Há de existir uma outra realidade paralela que
comanda tudo.
Espero que, motivados por minhas
interrogações, não me apareçam centenas de “iluminados”, que veem e ouvem
tão-somente com a miopia e a surdez de seus olhos e ouvidos físicos.
Há alguns dias, mantive
importantíssima conversa com uma senhora que me é muito querida e a quem devoto
desmedido respeito, oportunidade em que abordamos este assunto.
Foi-me por ela dito que tais
questionamentos sempre foram feitos e sempre foram respondidos com
justificativas que só satisfazem aos detentores de fé não raciocinada. E isto a
tradição nos repassa como verdades supremas, com um inferno e um céu que
ilustram tudo.
E minha sábia amiga, quando se
referiu a Deus, arrematou:
- Temos que buscar o Deus que
está dentro de cada um de nós. Só assim nos aproximaremos da Verdade. Durante a
vida, colocam um deus num caixote e nos repassam. Aí, passamos a morar ali
também, encaixotados e sem horizontes. Coitados daqueles que não buscam os
“olhos de ver” nem os “ouvidos de ouvir”!
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