O que quero hoje, aqui neste espaço, é realmente
afirmar que não somos o que parecemos ser. As regras do mundo, aliadas a nossas
idiossincrasias, vão forjando e dando cores ao indivíduo. A sociedade, desde nossa
mais terna idade, vai nos travestindo daquele ser humano que ela acha que devemos
ser. Os ambientes e as pessoas com quem vamos convivendo, vão moldando nossa
individualidade, que não é nada individual, já que não nos pertencemos. Somamos
saberes, ignorâncias, maluquices, virtudes, e tantas outras coisas que dão conteúdo
e forma ao ser que é construído em cada um de nós. Ao cabo dos anos, ficamos
prontos para coisa nenhuma, porque estamos sempre inacabados. Se nos
inventariarmos de forma destemida, considerando aquele desejo de nossas mães em
nos fazermos “homens de bem”, veremos que, na verdade, nos tornamos simulacros
do que gostariam que nós fôssemos. Forjamos aparências e gritamos ao mundo que
somos o que realmente não somos. Tornamo-nos uma espécie de Frankenstein. Armazenamos
personagens os mais diversos. E vamos
por aí, dando nosso jeito para escolher, dentro de nós, o artista mais adequado
para, no palco da vida, contracenar com o mundo, em cada nova situação. Uns
mais e outros, menos, vamos assimilando a grande filosofia de vida que impera
entre nós: a hipocrisia.
As
coletividades, os grupos sociais, os ajuntamentos de pessoas, são a soma de
todos os indivíduos que os compõem, com seus costumes, suas culturas, suas doenças
morais, suas desigualdades, suas angústias, suas dores humanas, seus sonhos,
suas desesperanças, seus paraísos e seus infernos. E em meio a todos, estamos
nós, com o peso de nossas bagagens pessoais.
Nessa longa caminhada, não somos autênticos nem transparentes.
Por medo, por conveniência, ou por deformação moral e ética, escondemo-nos por
trás de alguma das máscaras que trazemos conosco e, cotidianamente, lutamos por
fazer crer aos outros, que não somos o que verdadeiramente somos.
Independentemente de nós, o tempo passa. E durante
toda a vida, com nosso dedo em riste, apontamos sempre para os outros,
atribuindo-lhes a culpa por nossos infortúnios e insucessos. É a regra mais
fácil. E assim, aprendemos a pôr em prática a vida, sob o comando da hipocrisia.
Deixo com o divino homem da Galileia, o fechamento
desta crônica:
- “Raça de víboras”! “Sepulcros caiados”!
Isso é comigo, é com você, é com todos nós!
Um comentário:
Faz dois meses que você não atualiza seu blog.
O que houve?
Um abraço e feliz dezembro.
Daslan Melo Lima
Timbaúba, PE
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