domingo, 27 de dezembro de 2009

Festas de final de ano

Muitos estranham meu modo de ver as festas de Natal.
Em vez de estar alegre, sinto-me tristonho. Talvez seja pela certeza de que o Cristo esteja mais feliz nos outros dias do ano, do que no dia que carimbaram como sendo Seu.
Respeito, porém, que cada um se curve diante de suas convicções sagradas (ou profanas), desde que se respeitem as convicções dos outros, e sempre dentro de um padrão de moral e de ética.
É meu jeito de ver o mundo e de senti-lo. Pronto! Deus me entende!
De qualquer forma, vamos a uma frase que virou um clichê:

FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO!

Desejo aqui transcrever novamente dois poemas de meu livro “Menino da Rua do Bagaço”:

NATAL DO MENINO POBRE
(Pág. 51)

Dentro de sua bagagem,
Que me trará o velhinho?
Vai me deixar uma bola!
Talvez, quem sabe? - um carrinho!

Vai entrar bem de mansinho,
Antes do nascer do dia,
Pra me dar o meu presente
E a boneca da Maria!

Será bem grande a alegria
Que eu terei amanhã cedo...
Papai é pobre e não pode
Me comprar nenhum brinquedo

Eu não vou fazer segredo...
Gritarei pra toda a gente:
- Venham ver! - Papai Noel
Me trouxe um lindo presente!

- Não sonhe assim, ó menino,
Nem fique feliz, porque
Papai Noel vai passando
Sem se lembrar de você!

É melhor não ser tão crente
Que alguma coisa lhe sobre...
Desde quando este velhinho
Visita menino pobre?

Se houver um gesto nobre
E abrir-lhe sua sacola
Pra deixar algum presente,
Não é presente! É esmola!

Neste caso, então, você
Terá do Papai Noel
O fruto da piedade
Num embrulho de papel!
(Anchieta)

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O CRISTO SUMIU?
(Pág. 48)

Não sei se o Natal é isto...
Onde é que está Jesus Cristo?

Nesse daí que é um mito,
Juro que não acredito!
Na alegria do Natal,
Cristo é artificial,
Com jeito mercantilista...
Um cristo materialista,
Pelos homens fabricado,
Um cristo desvirtuado,
Duma pequenez tamanha,
Incapaz de algum dia
Ter tido a sabedoria
Do sermão lá da montanha.

Pra onde o Cristo sumiu?
- O olhar maldito não viu!
Eu não quero o cristo morto,
Eu busco o Cristo do horto,
Divino, humilde e humano...
Não quero um cristo mundano,
Dado à luxuosidade,
E que inspira a vaidade
Na alma fraca e perdida...
Eu quero o Cristo-primeiro,
O filho do Carpinteiro,
Caminho, verdade e vida!

Com alma pura e serena
Foi resgatar Madalena
Para um mundo de bondade...
E com amor e humildade,
Fez-se em tudo o próprio exemplo.
Não quero o cristo do templo
Das religiões mesquinhas,
Nem o cristo das lapinhas...
Eu quero um Cristo-luzeiro!
Não quero um cristo que serve
À vaidade e à verve
Do fanático embusteiro!

Quero o Cristo da igualdade,
Da lei da fraternidade,
Da paz que falta na Terra...
Não quero o cristo que a guerra
Fomenta nos corações,
Nem o cristo das paixões,
Da inócua filantropia!
Eu quero um Cristo-alegria,
Mas feito de amor e luz!
Nos Natais que eu tenho visto,
Fazem festa para um cristo
Mas não pra Cristo-Jesus!

Não sei se o Natal é isto...
- Onde é que está Jesus Cristo?
(Anchieta)

Um comentário:

Alma Acreana disse...

Caro Poeta,
que este ano seja ainda mais repleto de alegria à você e família!

Um abraço!