sábado, 24 de outubro de 2015

FATOS RIMADOS

               Num dos períodos pré-eleitorais do final da década de 80, a imprensa acreana noticiou o sumiço do livro de atas de importante partido político. Isso trouxe uma série de acusações e desentendimentos entre os respectivos dirigentes partidários de então. Havia no livro uma negociação, registrada anteriormente, que garantia a um dos influentes do partido a preferência do nome como candidato não sei a quê. A confusão foi grande.
               Retratei o fato com os seguintes versos:


O SUMIÇO DO LIVRO DE ATAS
O livro onde está?
- Desapareceu!
Alguém o rasgou!
Alguém o perdeu!
- Já sei: foi você!
- Não, não! Não fui eu!

Um vai ao Terreiro,
Um outro faz prece,
Consulta-se o "Daime"...
E a confusão cresce,
Por causa do livro
Que não aparece.

Quem foi o vilão?
Quem foi o culpado?
O diabo levou!
- Diz um inspirado -
Pois ele era arquivo
De muito pecado!

Buscando o porquê
Que o livro sumiu,
Um mago famoso
Do caso sorriu...
E olhando nos búzios
Então descobriu:

- O fato é gozado,
Estranho e cênico!
Foi graça, talvez,
De um esquizofrênico!
Fizeram do livro
Papel higiênico!
(Anchieta)

*****
               Certa feita, num dos textos que escrevi para o Jornal “O Rio Branco”, não me lembro sobre qual assunto, lá estava "exporadicamente" (com x) em vez de "esporadicamente" (com s). Fiquei brabo e telefonei para o Zé Leite. Após consultar o meu original datilografado, o Zé verificou que a culpa houvera sido minha e me lançou um desafio: 
               - Anchieta, escreva uns versos aos seus leitores e explique o xis da questão.
        Achei boa a ideia e, após constatar que no teclado o "xis" é posicionado imediatamente abaixo do "esse", disparei:

O XIS DA QUESTÃO
Nunca gostei do "xis" - letra maldita!
Pois o tal "xis", às vezes me enlouquece...
Nas equações o "xis" é meu problema,
E em Português, por vezes, me aborrece:
- "Esporadicamente" não tem "xis"
E eu escrevi um "xis" em vez do "esse"!

Seria um absurdo pôr a culpa
Na revisão tão rápida que fiz;
Mais absurdo ainda, se eu jurasse
Que eu cometi o erro porque quis,
Ou se culpasse o dedo que, na máquina,
Escorregou do "esse" e bateu "xis"!
(Anchieta)

Nenhum comentário: