(Crônica publicada no jornal "PÁGINA20", de 8/05/2016 -
Rio Branco - Acre - Espaço do Anchieta.)
Porque todos os dias são dias das mães, o que me
parece antipático estar repetindo, quero apenas reafirmar para minha querida
mãe terrena, Dona América, que continuo e continuarei a dedicar a ela o
mesmíssimo amor filial, em igual diapasão com que sempre a amei. Além do
reconhecimento pelo amor incondicional que permanentemente me dispensou, trago
também pela vida afora, a eterna gratidão por se ter feito a grande
intermediária no milagre da minha atual existência aqui na Terra.
Pelo sujeito inquieto que sempre fui, devo ter sido um
inquilino muito chato no materno ventre de Dona América. Aliás, é bom lembrar
que a gravidez é um inquilinato em que o pagamento de aluguel funciona de forma
inversa: o ocupante é que é ressarcido. E isso é feito com a moeda mais
valorosa do mundo, não conversível em dólar, que tem o nome de AMOR.
Louvo neste momento, de maneira muito forte, não só as
mulheres que se fizeram mamães fisicamente, mas todas as mulheres. Entendo que,
de alguma forma, todas são mães, mesmo as que nunca tenham vivido a gestação de
algum rebento. Todas trazem no recôndito da alma, de forma viva, adormecida, ou
mesmo reprimida, os atributos e a essência da maternidade.
Permitam-me externar, a seguir, algumas concepções,
pessoais e sempre respeitosas, que alimento sobre a mulher.
Já disse e tenho por vezes repetido que a mulher foi
um divino esquecimento de Deus. Na indescritível magia, o Supremo gritou
“faça-se a luz!” e fez chegar o esplendor e a perfeição de sua obra ao mais
escondido recanto do seu reinado infinito, nas dimensões micro e macro. Num
abrir e fechar de olhos (que deve ter durado milhões e milhões de anos) deu
forma, função e estabeleceu regras para tudo, tim-tim por tim-tim, sem a menor
falha. O que apontamos como imperfeito é produto da pequeneza do que nos é
possível alcançar. Conforme a Bíblia, Deus criou o homem, mas se “esqueceu” de
fazer a mulher. E somente depois, como bondoso pai, olhou para a insipidez da
vida de Adão e forjou a figura sublime de uma companheira para o solitário
habitante do Éden. Não a idealizou, contudo, apenas para habitar a solidão do
primeiro homem. Assim, Deus não se ocupou em criar simplesmente um animal
chamado mulher. Havia algo além. A mulher (energia feminina) trazia consigo
tudo o que faltava para que a obra estivesse completa e continuasse a ser
sempre recriada ou renovada. É importante compreender que a mulher foi feita
Deusa. A nossa Deusa! Pois bem, esta soberana chamada mulher, além da divina
essência do amor, veio investida da incumbência de eternizar a criação.
Pensando bem, meus amigos, é uma respeitosa gracinha
quando afirmo que a mulher foi um “divino esquecimento de Deus”. Não, não, não
foi. Ela estava na sagrada prancheta do Criador, aquele que é a causa primária
de tudo, aquele que sabe todos os porquês, desde o infinitamente pequeno ao
infinitamente grande.
É bom ressaltar que quando Deus criou a mulher,
deu-lhe existência para muito além da fêmea. Ele criou a Mãe! Ora, ora, não é a
mesma coisa? Não, não. Há uma enorme diferença, sim! A fêmea é só a
reprodutora, a mãe é Amor!
E já que existe este dia dedicado à figura materna,
não posso deixar de lembrar que a Terra tem vida e também é nossa sagrada mãe.
Por meio do divino milagre da gestação, o ventre materno abriga, alimenta e
prepara, por nove meses, o nosso frágil ser para entrada em um estágio de vida
na Terra. Migramos, então, do ventre sagrado de nossa mãe humana, para viver no
sagrado ventre da Mãe Terra. E ela amorosamente nos dá tudo, tudo, para que
nela sejamos felizes. Ingratos filhos somos nós. Esta nossa majestosa e sagrada
Mãe, da qual subtraímos a sobrevivência terrena, agoniza numa das enfermarias
do universo, e parece que isso em quase nada nos preocupa. Faz-se urgente um
despertar, porque nós, que tanto a destruímos, vivemos justamente no seu ventre
sagrado e morreremos juntos. Somos suicidas.
Salve, Dona América, minha Mãe, e todas as queridas
mães. Recebam hoje a certeza de nosso amor!
Salve, Sagrada Mãe Terra! Perdoa-nos, hoje, por nossa
ignorância e nosso desamor.
(Anchieta)
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