Com certeza existes muito além das ilusões que estão por aí;
Ou melhor, das futilidades que estão por aqui.
Não te quero
adquirido das prateleiras religiosas! Não, não quero.
Ali, és artesanal, és imperfeito, és feio, és macabro!
Pois é. Ali, deturpam-te todo e ainda conseguem dizer-te Perfeito, Boníssimo, Amor e Luz!
Foi assim que me fizeram o ateu que eu não sou!
Não te creio aquilo!
Ali, és artesanal, és imperfeito, és feio, és macabro!
Pois é. Ali, deturpam-te todo e ainda conseguem dizer-te Perfeito, Boníssimo, Amor e Luz!
Foi assim que me fizeram o ateu que eu não sou!
Não te creio aquilo!
Ó Deus!
Creio-te tão
grande no microcosmo, quão simples no que é infinitamente grande.
E eu, na minha
significância tão insignificante, me contorço nesta amplidão feita de
tempo e de espaço ...
Com certeza aqui
estou, ó “Razão Primária de Tudo”, por algum salutar motivo. Não talvez por ser
tão pequenino, mas por ser acólito irrefreável de minha própria rebeldia.
Mesmo assim, diante de tudo, não me sinto teu prisioneiro, mas prisioneiro de
mim mesmo. Na verdade, estão grudadas em mim, as minhas asas para voar;
Sei que as tenho, sinto-as, mas não consigo desprendê-las!
Ó Deus!
Fervem mistérios
em minh’alma. Minha evolução adormecida parece despertar. E eu vago como um
sonâmbulo ... Tateio paredes, quero dizer versos ... restam-me grunhidos.
Já não sei a diferença entre o pesadelo e o sonho.
Tudo bem! O que
importa isso?
Não! Não quero
mais sonhar. Quero realizar, quero fazer, porque também sou Deus ... Quero voltar
das margens para o centro, donde me afastei para encontrar estes malditos
grilhões.
E eu tenho pressa,
pois o tempo, que é tão nosso, passa! E como tantos outros ignorantes e desnorteados,
às vezes lanço meu tempo no desperdício, buscando-te nos burburinhos
indecifráveis que me ensurdecem e me confundem, dentro deste labirinto em que
me perdi.
Ó Deus!
Sempre que te
busco nas religiões, sinto-me um órfão, um infeliz, uma simples interrogação
irrespondível. Sinto-me no Coliseu da velha Roma ... E ali:
- sou o impiedoso
César que se deleita!
– sou o leão
faminto e enfurecido!
- sou o Cristão à
espera de um milagre!
E ainda
consigo ver-te assistindo a toda a barbárie, alheio, insensível, como se
nada te tocasse.
É neste momento
que me revolto e te pergunto agressivamente: Que Deus és tu?
Ó Deus!
Por vezes,
lá estou eu
lustrando as pedras da coroa de Herodes;
lá estou eu com
João Batista, em meio ao deserto, jogando conversa fora, num banquete de mel
com gafanhoto;
lá estou eu
vendendo bodes, pombos e bugigangas, no templo de Jerusalém ...
Por vezes,
lá estou eu a
segurar a bacia de Pilatos e até mesmo a lhe enxugar as mãos...
E minhas mãos?
Sim! Aquelas mesmas mãos que bateram palmas em apoio a Caifás ... que acenaram
por Barrabás ... que fugiram de enxugar a fronte do Messias ... são as
mesmas que agora empunham e manejam a lança do centurião.
Ó Deus!
Tudo isso me faz
quase um deserto insuportável! Não estás aqui, mas estás em tudo ... Estás
em tudo, mas não estás aqui. É como se existisses, sem existir.
Apesar de tudo,
fica em mim uma certeza: - tu não és nada disso que me oferecem! E se eu não te
fizer nascer em mim, grande como verdadeiramente és, continuarás sendo esta
ilusão absurda, perversa, inconcebível e inexplicável. Não te quero assim!
Ó Deus!
Tu estás em mim e
eu em Ti! Somos UM!
Basta de minha
pequenez! Dá-me o caminho de volta!
Busquei a
cegueira! – abre-me os olhos!
Tornei-me surdo! –
abre-me os ouvidos!
Caminhei para a
escuridão! – ilumina-me!
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