segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

RECORDAR É VIVER (OU AJUDA A MORRER)

No primeiro dia de 2018,  resolvi ouvir algumas “pérolas” do Adoniran Barbosa. Dentre elas, o “Apaga o Fogo, Mané”, com os Demônios da Garoa. A letra relata a desdita do pobre do Mané, abandonado pela Inês.

Hoje, consideradas as exceções que todos conhecemos, as letras se recheiam de lugares-comuns de tanta mesmice e mau-gosto que poderiam ser escolhidas umas 10 melodias como padrão, e nelas apenas adaptar novas letras falando bobagens. Até o falar de amor, parece ter entrado para o rol das babaquices. Não há criatividade. A alma da humanidade está morrendo.

ATENÇÃO: Não estou contra nem a favor de estilo nenhum. Até aprecio algumas “dores de cotovelo” de determinados bregas.
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APAGA O FOGO, MANÉ (1956) – ADONIRAN BARBOSA

Inês saiu dizendo que ia
comprar pavio pro lampião
- pode me esperar, mané,
que eu já volto já.
Acendi o fogão, botei água pra esquentar
e fui pro portão só pra ver Inês chegar...
Anoiteceu e ela não voltou,
fui pra rua feito louco
pra saber o que aconteceu.

Procurei na central,
Procurei no hospital e no xadrez,
andei a cidade inteira
e não encontrei Inês...
Voltei pra casa triste demais,
o que Inês me fez não se faz...
E no chão, bem perto do fogão,
encontrei um papel escrito assim:
- pode apagar o fogo, mané,
que eu não volto mais.

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