José de Anchieta Batista
Seria
ingratidão não dedicar hoje, em meu humilde espaço deste jornal, mesmo que
singela, uma homenagem a minha mãe, dona América, que completou no recente dia dez
de maio, noventa anos de existência.
- Parabéns,
mamãe. Abençoe-me da distância que hoje nos separa, já que uma crise de
deficiência respiratória, provocada por aquele velho enfisema pulmonar, herança
maldita do tempo de fumante, coisa que a Senhora sempre reprovou, impediu-me de
viajar à Paraíba, para estar presente na tão merecida comemoração de seu
aniversário. Vai, contudo, daqui de Rio Branco, meu “muito obrigado, mamãe!”,
por tudo o que fez por nós.
Minha gente,
eu vejo as mães como seres divinos, continuadoras da criação. Sua motivação maior
e mais sublime é o amor, unicamente o amor. Cuida, zela, educa, defende os seus
rebentos sem qualquer hesitação. O filho é um pedaço dela, fora dela. Minha mãe
mostrou tudo isso no cotidiano da vida.
Não posso
recordar a trajetória de vida de minha mãe, sem que me venha fortemente a
imagem distante de minha infância, naquele sofrido sertão nordestino. Dona América tornou-se a maior de todas as
minhas heroínas. Sim, ela foi a heroína vencedora de mil lutas, junto ao meu honrado
e destemido pai. Nunca se quedaram diante da inclemência daqueles velhos tempos
tão difíceis.
Seu Batista
era o “caçador”, aquele que ia à luta, com inabalável honestidade, para nunca
nos faltar os meios de sobrevivência. Dona América era a “cuidadora”, aquela
que nos abrigava no aconchego das longas asas do amor maternal. Éramos pobres
materialmente, mas éramos ricos de ternura, dedicação, carinho e extremado
zelo. Assim, em nosso humilde lar, fomos diuturnamente regidos pela maior força
do Universo: o Amor.
Minha mãe e
meu saudoso pai, sempre foram extremamente religiosos. Isso, naqueles sertões,
tinha um valor imensurável. Quando as coisas apertavam, os joelhos dobravam-se até
o chão e, com certeza, Deus escutava. Sempre senti que a força da fé, se não
transportar a montanha, pelo menos aponta algum caminho para contorná-la. Assim
procederam meus velhos pais.
Fui criança
numa época em que havia hierarquia familiar, disciplina, respeito etc. A
primeira e mais eficiente educação era na família. A escola, onde as regras
também estavam presentes com o mesmo rigor, apenas ensinava e respondia os
demais porquês do mundo. Hoje, sinto que a “vaca foi para o brejo”. E foi
mesmo!
Minha mãe, sempre
desmedidamente compreensiva e amorosa, surgia de vez em quando com um chinelo na
mão, diante da quebra mais acentuada de algum preceito estabelecido. Aquilo
funcionava maravilhosamente bem. E era muito bom que ficasse somente com Dona
América o poder do chinelo. Ninguém queria que chegasse qualquer queixa a nosso
pai, porque nessa “instância” as penas eram mais severas. Diferentemente de
hoje, havia disciplina e muito respeito ás regras. A peia vinha por último. E
já que toquei neste assunto, é bom lembrar que jamais fomos tratados fora dos
limites do aceitável. Nunca houve exagero, porque o amor estava presente em
tudo.
Crescemos.
Fomos formados cidadãos do bem, exatamente pautados nos valores que nos foram
repassados à maneira da época. E a participação de nossa mãe em tudo isso foi
enorme, pois cabia a ela o acompanhamento mais de perto.
Em 2012, Seu
Batista se foi, após cumprir com menção honrosa, sua missão aqui na Terra,
sempre amado e respeitado por todos os seus descendentes e amigos.
Dona América
completa agora noventa anos, momento em que, vitoriosa, recebe o galardão de
nosso afeto, de nosso amor e de nossa gratidão. Infinito é o reconhecimento de
todos nós, diante dos exemplos e valiosos ensinamentos que nos proporcionou no
decorrer da vida.
- Parabéns e Obrigado
por tudo, Dona América. Sob as bênçãos de Deus, receba a divina energia de todo
nosso amor. Mais uma vez nos abençoe,
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