Zé Limeira, meu conterrâneo da cidade de Teixeira, no
estado da Paraíba, nasceu em 1886 e morreu em 1954. Era um violeiro diferente,
que fazia rir os admiradores das cantorias, com seus improvisos sem pé nem
cabeça. Ainda menino, eu soube das peripécias poéticas do Zé, por notícias de
meu saudoso tio João Lacerda, seu contemporâneo. Mais tarde, lá pelos idos de Setenta,
o jornalista Orlando Tejo empreendeu uma verdadeira peregrinação pelos rincões
nordestinos, buscando garimpar os versos deste poeta que, na construção de sua
arte, o que lhe interessava era essencialmente a rima. Não se preocupava com os
absurdos resultantes. Foi assim que o Orlando deu vida a uma imorredoura obra intitulada
“Zé Limeira, o Poeta do Absurdo”, em que condensou as principais pérolas deste
personagem extraordinário.
Zé Limeira misturava os fatos históricos e seus
personagens, com a maior naturalidade possível, desde que a rima estivesse
perfeita e a estrofe se enquadrasse no formato dos versos cantados. Em sua
engenharia poética, segundo me falou Tio João Lacerda, ele fez de Pombal,
cidade fincada no sertão da Paraíba, a capital do Brasil:
" Deodoro da Fonseca
Foi presidente em Pombal,
Foi herói lá em Princesa,
Quando virou marechal
Fez a nossa independência
E fugiu pra Portugal. ”
Dentre os absurdos presentes nesta sextilha, Zé
Limeira faz o nosso suposto libertador, por ele designado, fugir exatamente
para Portugal, país ao qual pertencia nosso Brasil como colônia.-
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