A política praticada
neste velho, mas sempre novo Brasil, nunca me gerou o menor interesse
quanto a alçar-me a qualquer cargo eletivo. Funções eletivas ou,
no caso, eleitoreiras, para mim, não assentam. Eu não me adaptaria
aos regulamentos sub-reptícios, nem também ao conjunto dos pares.
Não, por minhas virtudes que são muito poucas, mas por meu jeito de
ver a sagrada missão desses prepostos.
Quando saí do Exército, em 1987, achei que deveria participar de alguma atividade na vida civil, voltada para o melhoramento da sociedade, no que tange à cidadania. Fiquei quieto por algum tempo, depois parti para a possibilidade de filiar-me a alguma agremiação partidária. Havia um desejo muito vivo de pôr em prática a nova condição de cidadão, agora liberado das amarras da vida na caserna. Aventurei-me, então, por me filiar ao Partido Democrático Trabalhista – PDT, do Brizola. Vejam bem: logo o partido do Brizola, o maior inimigo vivo de que se ouvia falar dentro dos quartéis. Mas o fiz. Ao dizer isso ao meu ex-comandante, coronel Pacheco, sujeito simples e muito boa praça, num encontro casual ali no Casarão, ouvi o seguinte gracejo, com evidente censura:
Quando saí do Exército, em 1987, achei que deveria participar de alguma atividade na vida civil, voltada para o melhoramento da sociedade, no que tange à cidadania. Fiquei quieto por algum tempo, depois parti para a possibilidade de filiar-me a alguma agremiação partidária. Havia um desejo muito vivo de pôr em prática a nova condição de cidadão, agora liberado das amarras da vida na caserna. Aventurei-me, então, por me filiar ao Partido Democrático Trabalhista – PDT, do Brizola. Vejam bem: logo o partido do Brizola, o maior inimigo vivo de que se ouvia falar dentro dos quartéis. Mas o fiz. Ao dizer isso ao meu ex-comandante, coronel Pacheco, sujeito simples e muito boa praça, num encontro casual ali no Casarão, ouvi o seguinte gracejo, com evidente censura:
- “Nossa! Eu tinha um
comunista dentro do quartel e não sabia.”- Ainda bem que os tempos
já eram outros.
Aqui no Acre, o senador
Mário Maia comandava o PDT e na Assembleia Legislativa tínhamos o
deputado sargento Garcia, também oriundo das fileiras do Exército,
que pouco tempo depois resolveu afastar-se e permanecer arredio aos
embates partidários.
Inicialmente, como um
neófito que de nada entendia, fiquei por ali querendo aprender como
caminhar naquele mundo misterioso, de segredos, de artimanhas, onde
obrigatoriamente teria que me aperfeiçoar em muitas maneiras de dar
rasteiras em sapos. E nesse particular, quem não for profissional,
melhor pegar o chapéu e dar o fora. Foi o que fiz. Da euforia ao
desencanto foi um caminho muito curto.
Depois dessa fase, voltei
a empolgar-me em 1989, na primeira campanha do Lula, vindo a
filiar-me ao Partido dos Trabalhadores em 1996. Lá permaneço até
os dias de hoje, no que pese meu descontentamento pessoal, por
nitidamente haverem deixado de assumir erros que foram praticados.
Não admitir o óbvio é uma óbvia burrice. Isso foi um forte
ingrediente para nos levar ao quadro triste a que fomos submetidos
pelo povo. Como remediar de imediato? Acho que agora é tarde e
depende de uma inteira reconstrução.
Meus caros amigos, olho
com muita revolta para esta nefasta política brasileira, cuja melhor
prática é a da “politicagem”, sem compromisso com a moral nem
com a ética. Tudo é muito nojento e a verdade não tem vez. Dentre
tudo, o que mais me entristece é um sentimento de estagnação. As
mudanças caminham como um jabuti. Parece que permanecemos sempre no
mesmo lugar. E, enquanto isso, a pouca-vergonha continua se
expandindo. As leis motivadoras da eterna safadeza, as cooptações
movidas por interesses espúrios, o uso da mídia, a ignorância
popular, o poder econômico, dentre outras motivações, fazem com
que o povo simplesmente não promova o passo à frente e, assim,
nunca alcance outros patamares de dignidade. E esta nossa humilde,
boa e amada gente brasileira nem percebe que tem decretado
continuamente grandes recuos em sua própria cidadania.
Hoje, o sentimento que
tenho é de real desencanto. Não estou falando em razão dos revezes
alcançados em minhas opções pessoais. Isso faz parte do grande
jogo da Democracia. O problema é que o horizonte continua sempre
muito escuro. Sinto-me partícipe de um quadro social dos mais
tristes, onde parece que a esperança agoniza. Olho então, com
amargura indescritível, do miolo de tudo isso, e grito não sei para
quem:
- Triste do povo que
busca “um herói” para lhe devolver pelo menos o direito de
sonhar.
Atenção, amigos, isso é
desalentador. Neste caso, quando encontram o tal personagem,
geralmente um maior fracasso está logo ali.
Assim, ante esta
realidade cruel, por vezes me coloco nos capítulos de Os
Bruzundangas, do Lima Barreto, ou me encho de certeza de que sou um
morador de “Sucupira, do saudoso Dias Gomes.
Existem as exceções,
mas é desanimador olhar os agentes atuais da politicagem brasileira.
Isso, de todos os lados. O povo não está preparado e não sabe
mudar, vez que lhe faltam os atributos reais para isso, e quem está
lá em cima não tem interesse algum em mínimas mudanças.
Para quê mudar?
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